sábado, dezembro 29, 2012

FICÇÃO PORTUGUESA NA RTP

DE "FLORBELA" A "4."
 
Constipação, período natalício, frio e preguiça têm-me retido algum tempo frente à televisão. Vi por isso os quatro episódios da série “4.” e os três de “Perdidamente Florbela” e, de um modo geral, dei por bem empregue o meu tempo. Começando pela obra de Vicente Alves d’ O, há que referir que já tinha gostado bastante do filme e que a série talvez me tenha ainda agradado mais. Bom trabalho de direcção de actores, realização fluente e sensível, cuidada e geralmente de muito bom gosto, com uma excelente direcção de arte que criou cenários plausíveis e plasticamente bem aproveitados. Os actores comportaram-se a muito bom nível e afigura-se-me que é série para fazer um bom percurso pelos festivais do género do estrangeiro.

Bastante diferente é o caso de “4.”, uma mini-série de 4 telefilmes autónomos entre si, ligados apenas por cada um deles reflectir um olhar sobre “Portugal Hoje”. Quatro escritores dos mais sonantes da nova geração escreveram uma história que representa a sua visão sobre o Portugal contemporâneo. José Luís Peixoto escreveu “Entre as Mulheres”, Pedro Mexia “Bloqueio”, João Tordo “Crónica de uma Revolução Anunciada” e Valter Hugo Mãe “A Morte dos Tolos”. Infelizmente os três primeiro deixaram muito a desejar, histórias algo descabeladas de encontros e desencontros sem grande nexo nem interesse, por vezes pretensiosas e snobs, por vezes demagógicas e primárias. O último episódio, de  Valter Hugo Mãe, “A Morte dos Tolos”, redimiu a série, com bons diálogos, personagens divertidas, situações de saudável crítica social, e bons actores. Diga-se, no entanto, que a realização de Henrique Oliveira foi, nos quatro casos, muito interessante, rigorosa, eficaz, mas a verdade é que, nuns casos, não deu para defender textos pobres e sem ideias.
De qualquer das maneiras, aqui tivemos a RTP a cumprir bem o seu papel de “serviço público”, incentivando a produção nacional. Nem tudo foi bom? Infelizmente não, mas em parte nenhuma o é. Por exemplo: de José Luís Peixoto, já li textos muito bons. Mas nem sempre se acerta.

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