domingo, setembro 16, 2012

O NOVO LUISA TODI




REABRIOU O FORUM LUISA TODI 

O Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, reabriu as suas portas ao público, depois de cerca de quatro anos de obras de recuperação. Um recital com a soprano Elisabete Matos, acompanhada pelo pianista Nuno Vieira de Almeida, marcou a cerimónia oficial de reabertura, este sábado à noite, dia 15 de Setembro, dia da cidade e de Bocage, poeta setubalense, tal como a diva Luísa Todi. Pode dizer-se que foi noite festiva para todos e há que destacar sobremaneira o esforça da autarquia em finalizar as obras e abrir esta renovada casa de cultura e de espectáculos, numa época de crise. Afinal nem todos consideram que é na cultura que tudo se pode e dever cortar. Para a direcção artística desta casa foi convidado João Pereira Bastos, com experiência comprovada na direcção do Teatro de São Carlos, do Festival de Música de Macau e na Antenas 2, para lá de outras actividades meritórias em vários domínios das artes. 

O Luísa Todi está-me intimamente ligada, desde há muito: foi ali que encenei uma peça minha, “A Encenação”, a convite do saudoso Carlos César, que então comandava o TAS. Foi uma experiência magnífica, corria o ano de 1991, e, 21 anos decorridos, foi igualmente com muita emoção que abracei os “meus” actores de então, a Célia David, o Carlos Rodrigues, a Isabel Ganilho, que encontrei por entre a multidão que enchia a sala. Faltou avistar o João Manuel, o Alexandre Pinheiro, o João Victor, o Gil António, e todos os técnicos de então. Encenar uma peça é um trabalho de amor, e foi parte desse amor que fui recordar ao ver o pano abrir no novo proscénio daquela sala, para dar passagem à magnifica voz de Elisabete Matos e aos acordes de piano de Nuno Vieira de Almeida.

Mas ainda me encontro ligado ao Luísa Todi por outras razões: fui um dos criadores e directores iniciais do Festroia na sua primeira edição, conjuntamente com o meu querido amigo Manuel Costa e Silva, o escritor Mário Ventura, e ainda um representante do empreendimento turístico, onde, nesse ano inicial, decorreu quase todo o certame. O festival estender-se-ia depois a Setúbal, precisamente à sala Luísa Todi, e quer como júri, quer como assistente, ou como convidado por lá passei vários anos. Nesta porta, onde agora bebo um moscatel, enquanto decorre o intervalo, falei com Alberto Sordi, que me assinou uma foto de um filme seu. Mais adiante vi passar Lauren Bacall (com quem iria almoçar no dia seguinte em Belém, recordação inolvidável) e Kirk Douglas. No local onde está agora esta plateia ainda a cheirar a novo assisti, esparramado em cadeiras que resvalavam para o chão, a dezenas de filmes, alguns muito bons, alguns muito maus (relembro um grego que nunca mais me saiu da cabeça: nem só de boas recordações se vive).
O Luísa Todi regressou, pois, em boa hora. Esperemos pela sua programação com a esperança de que a mesma seja merecedora da reputação da sua patrona: Luísa Todi foi uma das mais conceituadas cantoras líricas da Europa de finais do século XVIII, inícios do século XIX. Um grande abraço ao João Pereira Bastos com desejos de boa sorte. 

1 comentário:

Maria Nazaré de Souza Oliveira disse...

Uma referência cultural nesta cidade.
Felizmente foi recuperado, mas a Câmara Municipal de Setúbal, HÁ MUITOS E MUITOS anos que está a deixar cair "aos bocados" tantos edifícios fabulosos, completamente abandonados e pilhados lentamente, sobretudo nos seus elementos decorativos, caso de azulejos, pinturas Arte Nova... fachadas fantásticas que dolorosamente nos olham e que dolorosamente olhamos...HÁ MUITOS E MUITOS anos!

Um abraço.